quinta-feira, 22 de setembro de 2011

(des)embarque

Te deixei no aeroporto há pelo menos uns 15 minutos.
Fiquei esperando você desaparecer no saguão, depois de acenar freneticamente pras suas costas que já andavam em direção oposta à minha. Fiquei lá imóvel por mais uns 10 segundos esperando alguma coisa que eu não sei o que era.
No banheiro, mirei meu semblante. Nenhum. Nenhuma emoção existia ali. 
Essa não é a primeira vez, nem a última, que eu vou ter certeza que eu posso, mas não quero ficar sem você. Drama ou não, isso se tornou uma realidade que eu estou aprendendo a lidar.
Agora já se passaram 40 minutos.
À medida que fui voltando para o carro e andava por aqueles corredores cheios de despedidas e chegadas, meu pensamento voava longe, naquele avião, em embarcar contigo para qualquer lugar.
Se passaram mais de 1 hora. E eu já sei como serão todas as minhas noites a partir de agora até o dia em que você retornar.

Então eu vou estar lá naquele saguão, o tempo que for, e todas as vezes que você resolver ir embora e voltar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

F you

Porque a gente estava sim se amando mas você correu pra levantar antes a bandeira do “se fudeu trouxa, o amor não existe”.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Keep your expectations low

Depositando em vão minhas esperanças em um estranho com o dever de me fazer esquecer o que já passou e ser melhor o bastante para me gerar novas deliciosas lembranças.

sábado, 26 de março de 2011

Conversa sem diálogo: eu, amor.

Deitei do lado direito da cama e ele do esquerdo. Ambos recostados em nossos próprios braços, nos encaramos.
Ele piscava languidamente pra mim, então com a minha mão livre passei as costas dos meus dedos em seu rosto refazendo todo seu traçado, memorizando e eternizando sua forma em minha mente. Maxilar, queixo, bochecha, lábios... Seus olhos me olhavam sério, bem no fundo da minha pupila dilatada, como se quisesse descobrir o que elas queriam dizer.
Eu queria ser menos amor.
Afastei minha mão e virei o rosto para o teto imaginando no que aquilo iria dar. Mas sua mão recostada encontrou a minha de surpresa. Ele a acariciava, enquanto ainda olhava atento aos meus olhos. E eu não consegui.
Meus poros exalavam amor, meu suor transpirava amor, todos os fios do meu cabelo, todas as minhas terminações nervosas vibravam naquela paixão culminante.
Eu era amor do começo ao fim.
Fechei os olhos, esperei que assim como o mar, a maré baixasse, a calmaria chegasse.
Mas quando finalmente abri um olho para bisbilhotá-lo e, logo depois o outro, percebi que ele sorria para mim. O tipo de sorriso sincero, o desenho perfeito e longínquo, que você espera a vida toda para ver.
Daí minha maré transbordou, daí eu nunca mais parei de ser amor.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Mas

Eu podia ter me apaixonado por você, mas você não é meio confuso, não tem um jeitinho subliminar, não é todo perdido, não vai ferrar a minha cabeça de artista e não vai me obrigar a ouvir jazz sábado de manhã pra curar a dor do meu coração de espírito livre.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas eu sou enjoada, toda errada, cheia de perguntas difíceis, palavras complexas, respostas prontas, músicas endereçadas, poesias distraídas e sou meio como o mar, que tem dias de calmaria e dias de muita intensidade.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas eu sempre faço questão de falar das minhas dúvidas, dos meus defeitos de menina mimada e dos meus questionamentos existenciais até perder totalmente o encanto, como a menina do filme, guardando só para os íntimos a doçura, as risadas, o carinho, o cuidado, a atenção, as confissões e o amor que não questiona.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas você cuidaria tão bem de mim que todo mundo odiaria a felicidade estampada no meu sorrisinho de canto de boca, que você levaria pra passear junto com o seu quando eu não estivesse estudando, escrevendo, dando risada ou ouvindo Oasis na cama.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas às vezes eu tenho essa dor no peito quando respiro muito forte, e você merece muito mais do que uma bronquite crônica e sem cura que eu herdei de tantos desamores, de tantas palavras dolorosas e de tantas confissões de travesseiro.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas ultimamente eu sou do tipo que fica no seguro, e agora todo mundo tem que me ganhar nos primeiros sete segundos e depois me ganhar sempre um pouquinho, até eu ser inteira de novo e não mais uma grande cratera vazia que faz eco.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas poderia acabar me apaixonando demais, e depois poderia te querer só pra mim, e um dia você acordaria guardado dentro de uma caixinha, onde eu ia te ensinar a fazer música pra gente poder se alimentar só disso.

Eu podia ter me apaixonado por você, mas comigo existe sempre um mas.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Eu que dei um tempo em escrever

Hoje percebi que faz tempo que eu não escrevo, que não escrevo em lugar nenhum. Justo eu que sempre usei os textos como uma válvula de escape.
Isso me fez perceber que eu tenho acumulado tudo que venho sentindo dentro de mim de um modo que já está me sufocando, me transbordando.
A verdade é que eu estou olhando essa página em branco faz uma hora e eu não consigo escrever. Eu sei o que sinto mas não sei como pôr pra fora, sei nem se existe nome pra isso.
Mas tenho quase certeza que o texto começaria com a frase: Eu adoro você.
Porque? Porque é isso que eu penso toda vez que eu te vejo. Toda vez que eu te observo de longe, vivendo sua vida, tão ausente, tão alheio ao meu mundo agora. Sou mera espectadora.
E eu também diria da falta que você faz, do simples bom dia até as coisas mais peculiares e mais suas, mais nossas. Diria que esse teu seu descaso me machuca; e que vai ver sejamos pessoas que andam em zigue-zague, nunca em linha reta e que talvez seja por isso que nunca nos encontramos no fim da linha.
Iria te pedir pra ficar, só ficar. Só pra passar um dia, uma tarde, uma hora. A gente poderia conversar, cozinhar, deitar no chão frio do meu quarto... Ou não. Mas pediria pra ficar.
Pediria pra que parasse de bobagem, que eu já vi essa história antes e pra mim isso tudo é pura estupidez.

Todos dizem que isso acontece, mas que isso passa.
Lógico que passa.
Mas pra começo de conversa eu não queria estar passando por isso; essa coisa que um dia com certeza passará.
Não queria precisar passar por nada.
Se você ao menos visse o que eu vejo...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Summer days

Falemos do verão. Que dessa vez eu não quero mais as noites secas e quentes em que eu tropeço pela cidade desconhecida de bar em bar lubrificando minhas palavras com os copos cheios de vodka - todos sabemos das vãs filosofias que sobrevivem às mesas lotadas, à embriaguez, às conversas tolas e aos contatos efêmeros; dessa vez eu queria pular essa rotina toda e me expor sem máscaras só com você.

Eu vejo nitidamente essa imagem o tempo todo, me permiti me perder em loucuras e esperanças: é algum momento da tarde, o sol está iluminando o chão de madeira, eu estou deitada na cama, por cima de lençóis floridos e limpos, talvez eu estivesse lendo algum romance fantástico enquanto você está naquela mesa, ao canto na varanda, às vezes fitando o nada ou a casa em frente, enquanto também segue a leitura de algum romance tão brilhante quanto perturbador.

Desejo o conforto de algum braço que eu agora ligo ao seu rosto; te guardo a parte mais bonita de mim, mesmo estando vivendo outros amores vãos, não se engane, isso tem limite, e agora meu limite é um verão no qual você esteja presente, durante muitas tardes alcoólicas e perfumadas.
As noites eu quero guardar para o próximo inverno, preciso economizar alguma parte de mim, mas enquanto você estiver diposto a passar comigo essas tardes de sol, eu abro mão das blasfêmias, das memórias curtas e das cartas a outros homens.