domingo, 12 de dezembro de 2010

Carta a um (ou dois, ou mais) homens enganados

Querido tuirf89234,

você provavelmente já deve ter percebido, mas se as minhas indiretas e diretas não lhe serviram, mais uma vez tentarei deixar clara a situação.
Eu devia, e com certeza estava, muito fora de mim quando decidi me envolver com você aquela noite.
Realmente, nunca se passou antes algo parecido na minha cabeça. E infelizmente a situação com a qual eu me encontrava colaborou para que tudo parecesse predestinado.
E caso você não queira mesmo acreditar nisso, o problema é seu.
Só lhe garanto que não acontecerá de novo.
Mas você pode ficar com as lembranças que eu não compartilho da noite.

Sinceramente,
T.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Esqueça

Ele me faz companhia na sexta-feira à noite e, quando já estou quase distraída, solta o clássico "ele não pensa em querer-te", frase construída de um jeito tão doce que parece até um carinho e não um tapa, como de fato é. Então minhas caras, desculpem dilacerar seus pequenos corações apaixonados, mas está na hora de admitir que ele, de fato, não pensa em querer-te.
Não pensa em querer-te naquele vestidinho matador, de salto alto, e cabelo arrumado, meio famme fatale, desejando que ele te escolha, enquanto dezenas de homens que você ignora te veem passar toda linda e perfumada. Não pensa em querer-te de sandália rasteira, short jeans e camiseta branca, daquele jeitinho meio desleixado, implorando pra ele te amar até naquelas horas em que você tá pouco se lixando pro circuito Paris-Tóquio-Milão. Não pensa em querer-te nas vírgulas e reticências de cada frase que você diz, mostrando todas as tentativas que deveriam ser derradeiras e não foram, porque você sempre insiste em tentar mais uma vez.
Não pensa em querer-te nas coisas que você diz e não diz, tentando soar meio misteriosa, querendo que ele deseje saber o que pensa uma mulher, digamos assim, tão subliminar. Não pensa em querer-te quando está sozinho, num domingo à noite, jogado no sofá de casa, assistindo um filme que não é de amor, como o seu. Não pensa em querer-te quando está na melhor festa, ignorando a hora em que você chegou, a hora em que foi embora e a hora em que seu braço foi puxado por outros dez homens, enquanto seu ombro empurrava as pessoas e as primeiras lágrimas manchavam seu rosto de rímel preto.
Não pensa em querer-te quando você, por raiva, aceita todos os homens que puxaram seu braço e morre em cada um deles. Não pensa em querer-te mesmo depois daquelas piscadinhas ordinárias e frases bobas que você revê mil vezes na cabeça durante a semana, achando que ele te amou naquele detalhe.
Não pensa em querer-te andando que nem uma louca, falando feito uma louca e agindo feito uma louca, último sintoma do amor quando não cabe mais no corpo. Não pensa em querer-te, meu bem, por mais que você queira muito, por mais que seu amor valha por dois. E se não confia e mim, pelo menos dê algum crédito ao Roberto.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Definitely maybe

Eu estava realmente tentando banir esse pensamento sem sentido da minha cabeça.
Mas chegou a hora de pôr pra fora, assim quem sabe, como a maioria das vezes, quando o pensamento se projetar pra fora da minha cabeça ele realmente comece a não fazer sentido algum e eu pare de perder tempo da minha vida confabulando sobre tal.
Então lá vai...
Eu meio que não suporto mais gostar de você.
E esse tipo esquisito de raiva está tomando conta do sentimento bonito que eu achava que tinha.
É completamente exaustiva a rotina pela qual nós fomos submetidos, e eu não me acho mais no direito nem na vontade de conversar, sentir ciúmes e te esperar no meio do dia ou no meio da multidão.
Não sei se isso significa o fim próximo.

Mas agora que eu escrevi e começou a fazer algum sentido... Eu sei que significa alguma coisa.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Don't bite the hand that feeds you

Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A mão dele no meu queixo

Você sobrevive naquele momento em que eu estou com alguém e minha cabeça se distrai, deslizando meus olhos delicadamente para o lado esquerdo, enquanto a cabeça permanece imóvel, na tentativa de fingir acompanhar o que a outra pessoa está dizendo. O mesmo momento em que essa outra pessoa coloca a mão no meu queixo e pergunta, em uma caótica mistura de curiosidade e angústia, o que eu estou pensando, ao mesmo tempo em que tenta arrombar essa porta que eu coloquei entre ela e eu para finalmente entrar na minha cabeça, onde você está confortavelmente alojado. E isso viola minha liberdade de todas as maneiras que você conseguir imaginar. E essa pessoa não sabe, mas essa vai ser apenas a primeira das tantas vezes em que eu vou fazer isso, até encontrar alguém com quem eu queira passar mais do que meia hora em um restaurante ou até o dia em que você parar de sobreviver nesses segundos em que meus olhos procuram um ponto de fuga e ficam concentrados na sua estúpida e desnecessária existência dentro da minha vida. E, com sorte, um dia eu vou ficar parada na frente do microondas, vendo a comida girar, num balé interminável que me coloca em transe, e você não vai aparecer para me lembrar do quanto é um cara incrível, adorável e impossível. E a comida girando vai ser só mais uma comida girando durante cinco minutos na bandeja. E o timer vai alcançar a contagem de 3, 2, 1 e eu finalmente vou voltar a mim, sem sequer ter lembrado de você naquele espaço de tempo ocioso. E esses minutos preciosos vão ser de outro alguém, talvez daquela mesma pessoa que não vai mais precisar virar o meu queixo para me lembrar de que ela está logo ali, bem na minha frente, e não você, e não aquele lugar para onde eu fujo dentro da minha cabeça para encontrar você, rir das suas piadas tímidas, lembrar dos seus olhos, encarar a sua resignação ou para comparar você com os caras que eu conheço. Um dia isso ainda vai acontecer, eu espero, e a minha liberdade não vai ser mais violada pelos seus adjetivos e pela insegurança dos outros, que eu batizo de tempos em tempos com a minha falta de. Falta de vontade, falta de interesse, falta de atenção. Mas se nem assim, nem com o passar do tempo, nem depois de eu conhecer muita gente, você não fizer a gentileza de sair da minha cabeça, então eu quero sair dela, por favor.

sábado, 9 de outubro de 2010

Carta reclamando da não-conclusão das coisas e ainda assim, não concluindo nada.

Querido A.,

não sei bem o que tem acontecido. Por um lado é tão mais simples me manter distante, e na maior parte do tempo eu nem lembro dessa confusão que a gente criou, e tenho vivido bem, e sei que você também. Uma vez você me falou que o meu carinho é o mais distante mas o mais fácil de sentir, e acho que é bem isso.
Tem coisas que nenhuma distância mata, né? Mas não posso me culpar se às vezes, não adianta, tudo que eu sinto é que não tá certo isso, as coisas não eram pra ter acontecido desse jeito, eu não devia sentir nenhum remorso nem rancor; uma coisa que eu aprendi nessa vida é: esclareça o lugar dos amores. E de todos os meus amores, eu saí bem, porque nunca tive problemas com concluir nada. Pra mim o que acabou acabou, eu não tenho vínculos mal-resolvidos com coisas nem pessoas do passado, nunca quis voltar atrás em nenhuma decisão e nunca me arrependi de não ter voltado atrás.
O problema aqui não é o que eu decidi ou não, mas a falta de conclusão. Porque cada vez que eu tento concluir, dar o nó final e definitivo, você puxa uma pontinha solta e começa tudo de novo. E talvez eu deixe essa pontinha solta de propósito, mas eu acho sinceramente que não. Eu admiro sua vontade de não terminar nossa história e de deixar uma pontinha de esperança pro futuro, admiro essa sua crença de que as coisas podem mudar pra melhor, mas duvido muito dessa dicotomia melhor-pior que você criou.
As coisas só mudam, e a gente nunca sabe se é pra melhor ou pior, a gente só sabe que ficam diferentes. E as coisas estão diferentes do que a gente tinha pensado, e eu me preparei para aceitar que elas estão diferentes e acabou, mas você fica insistindo na efemeridade da nossa situação atual ao invés de abraçar e viver isso do jeito que tem que ser vivido.
Nada é melhor ou pior, A., a vida só é.
Mas ainda assim, seu carinho é o mais fácil de sentir, mesmo de longe, mesmo em silêncio.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A cidade e o símbolos

"[...] enquanto você acredita estar visitando Tamara, não faz nada além de registrar os nomes com os quais ela define a si própria e todas as suas partes.

Como realmente a cidade sob esse carregado invólucro de símbolos, o que contém e o que esconde, ao se sair de Tamara é impossível saber."

domingo, 12 de setembro de 2010

That shit called: timing

Eu queria ter tempo e vontade pra te dar todas as oportunidades que você gostaria de ter; e pra falar a verdade vi em você, na ocasião em que pudemos estar juntos, tudo que tantos outros falharam em me oferecer.
Às vezes eu me pego pensando no que eu poderia ser ao seu lado, se eu pudesse me permitir - se eu quisesse me permitir. E eu poderia, sim, deixar você se aproximar de mim e a gente daria certo, eu enxergo bem, eu soube desde o começo que nós estaríamos fadados a algo grande... Mas a culpa não é minha se fatores alheios a mim e você pedem para serem considerados e eu queria, mesmo, ignorar qualquer fator e me deixar levar por você, pela sua mão no meu cabelo e pelo conforto do seu beijo, mas certas chances a gente não desperdiça; eu preciso agarrar com todas as forças qualquer pequena chance de que as coisas que um dia deram errado dêem certo agora, por mais estúpido que pareça, por mais suicida, quero dizer, eu devia aproveitar o que eu tenho agora aqui comigo ao invés de me atirar em possibilidades esquivas e distantes.
Só sei que gostaria de ter com você o que quer que seja que poderíamos ter. É uma pena você ter chegado agora, essa coisa de timing é sempre uma merda, abandono pedaços de mim por aí por causa do maldito timing, mas não se preocupe, a culpa não é sua, nunca poderia ser, eu sou mesmo essa bagunça de indecisões e desequilíbrios e você calhou de bater na minha porta no momento menos apropriado.

Eu sou a mulher da sua vida mas você nunca vai perceber, estou perdida demais pra me dar a oportunidade de ser sua, quero me encontrar em outros braços e se eles estão aqui à minha espera eu vou ter que renegar todas as fantasia que tive com você.

So you tap at my window
maybe i might let you in
i don't think i will though, my heart is taken - i won't tell you again.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Menos é mais

Talvez eu deva me deixar levar por novas chances. Eu posso não ter aprendido muito nesses anos de vida, mas uma coisa que eu devia saber é que não se desperdiçam oportunidades.
Não posso ser a única culpada se a facilidade com que eu nos vejo juntos pode desaparecer em um piscar de olhos, em um suspiro, se de repente eu caio em mim, a realidade pesa e eu vejo coisas que você nem imaginaria.
Eu não sou idiota. Eu sei quando estou sendo ingênua e sei quando estão abusando da minha boa vontade, mas hoje de repente eu acordei cansada de esperar por você e de escutar seu amor vazio e meaningless. Eu preciso de significado, eu preciso de toque, preciso de presença, preciso de novos amores, novas paixões, gente que divida meus livros, minhas músicas, gente que escute a minha voz e que sinta o cheiro do meu cabelo. E eu tenho a possibilidade de gente real, gente desimpedida, gente sem meias verdades e sem finais que não se concluem.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Carta para um homem à espreita

Querido f.,

me recuso a fazer grandes projeções, mas só queria te dizer algumas coisas bobas e simples, dessas bem honestas que a gente diz só pra quem, com certeza, vai entender. Não há nada de muito grandioso em mim, mas ainda assim eu sinto que esse espaço entre nós guarda grandes imagens, momentos preciosos e alguns sons que só se fazem duas pessoas como nós.
Nesses últimos meses, depois de muito tempo, voltamos a nos falar, como se nunca tivéssemos parado antes – e pode até parecer superficial pra quem está vendo de fora - mas eu sei que se a gente conversa com tanta facilidade por tanto tempo, mesmo com tantas discordâncias, é porque nos merecemos pelo menos um pouquinho. Então, por conta disso, e também por conta do seu cheiro e da cor dos seus olhos, que eu nunca consegui esquecer, queria dividir certas impressões minhas:

Sinto muita falta do calor humano, desses que a gente só sente no auge de um compreendimento mútuo que acontece tão raras vezes quanto é raro o amor. E acho que alguém que não fosse você, se lesse isso, diria que eu sou uma romântica incurável, que eu vivo em séculos passados, em filmes, mas não é isso que eu disse - só você seria capaz de entender. Não estou falando de romance, não estou falando de amor, nem sequer de paixão; estou falando de nós, da gente, disso. Eu sei que você entende.
Tem faltado disso na minha vida, falta alguém que valha a pena viver disso.
Os beijos, os drinks, a embriaguez, tem sido tudo seco e vazio; falta disso, e eu acho mesmo que você é o único que pode resolver essa questão.

te aguardo,
t.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sabe,

Você é o conforto mais incômodo no meu mundo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

The doc doc doc

Eu sei de tudo, meu bem, dos seus approaches evasivos e da sua natureza indelicada, do seu hábito de ser adorado e da sua necessidade de atenção. Eu gostei de entrar nesse seu teatrinho, e até agora não sei se você percebeu que, aqui de onde eu estou, era só um joguinho. Não que faça muita diferença, de qualquer modo eu te dei a atenção que você exigia, mesmo que pra mim essa história fosse uma grande piada. O mais engraçado é que você nem esgotou minhas energias, não me fez chorar de tanto cansaço nem gritar de prazer, se bastou nas minhas pequenas demonstrações diárias de que eu te queria e achou que eu ia me contentar com o mesmo.
Mas, querido, o que você não se deu o trabalho de descobrir é que a manutenção da nossa palhaçada demandava muito mais esforço que isso. Você quer que eu banque a menininha apaixonada? Que mande recadinhos saudosos, mensagens no meio da madrugada?
Isso tudo tem um preço, e nem seria difícil pagar, era só você me desarmar das minhas frases de efeito e das minhas ironias ensaiadas. Esse banho-maria não me comove, sua distância só te apaga da minha cabeça ao invés de aumentar meu desejo. E é por isso que eu te digo, cara, you know i ain't coming back.

terça-feira, 27 de julho de 2010

and every time i'm talking to some interesting guy,

you pop into my mind before i can even try.
É que é horrível ter que me privar das nossas conversas, aquelas que a gente tem de tempos em tempos, quando você resolve aparecer e perguntar de mim. Eu sei que por mais que eu queira, não tem jeito, você nunca vai ser meu; mas, darling, paixões crescem, o tempo passa, e nesse meio tempo eu continuo aqui, querendo que você largue mão dessas suas ideologias adolescentes e preste um pouquinho mais de atenção em mim.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mas não nasceu, que pena.

Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento.
Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como pude ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu...
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu gostava de você por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo.
Você era lindo.
Simplesmente isso. Você, a pessoa que de vez em quando eu ainda vejo passando por algum corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza...
Sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos.
Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada.

Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Instinto

Sinto muita saudade.
Mas tem uma coisa dentro de mim me dizendo que o meu caminho é exatamente este e que não posso nem devo tentar modificá-lo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Querer no pretérito perfeito.

Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro.
Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Trouble

Sim, ele era encrenca, das boas.
Eu sabia o que estava fazendo e ele também. Era errado.
Gostei da luz, dos olhos dele. Gostei da curva que se formou no canto da boca, gostei de não poder me encantar e mesmo assim estar me encantando.
Apesar de todo esforço, meu poder era uma ilusão.
Apesar do desprendimento, eu me enganava o tempo todo...

domingo, 16 de maio de 2010

Sinto falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, em não dar conta, em não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quando?

E agora eu fiquei me perguntando...
Quando foi que aconteceu? Será que foi naquele dia encalorado pela bebida, ou naquela noite cheia de ações impetuosas, ou naquela tarde quando não tinhámos mais nada pra dividir?
Não sei, mas deve fazer tempo. De pouco em pouco, em doses homeopáticas, se foi.
Sem se despedir, sem desculpas, sem por que, foi embora.
Quando foi que paramos de nos compreender, de compartilhar sentimentos, angústias, segredos. Quando foi que a existência da outra pessoa passou a ser um tanto insignificante? Um mero acaso de existir.
Que dia foi que tudo isso começou, que paramos de nos ligar, de querer saber como tem passado, se algo mudou, se nada mudou.
Será que quando você percebeu isso te afligiu? Ou será até que foi pré programado para acontecer? Como se deixar aos poucos fosse menos pior ou menos perceptível.
Mas acho que você se esqueceu do tanto que eu percebo as pequenas coisas, eu só fiz questão de ignorar os primeiros sinais.
Até o ponto em que eu acreditei que não tinha nada de errado, até eu chegar a me perguntar "quando foi que a amizade morreu?".
Podia ser mais fácil, como nos namoros, um chega para o outro e diz "acabou". Mas essa é pior, você tem que adivinhar.
Tem que abrir os olhos quando você preferia mantê-los bem fechados.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pra te espantar de mim

Aí eu tomo um banho bem quente, pra te espantar da minha pele. E canto bem alto, pra te espantar da minha alma. E escovo minha língua bem forte, pra separar seu gosto do meu. E quase vomito, pra parir você do meu fígado. E tento ser prática e parar de suspirar. E tento abrir a geladeira sem me perguntar o que eu poderia comprar pra te agradar. E tento me vestir sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí. E tento ouvir uma música sem lembrar que você gosta de se esfregar de lado em mim.
E tento ser só eu, simplesmente eu, novamente, sem esse morador pentelho que resolveu acampar em mim. E nada disso adianta.
E o esforço pra não fazer nada disso já é fazer tudo isso.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu vou parar

Amanhã eu paro.
Juro.
É a última vez.
Só hoje. Aí eu deixo.
Prometo.
Nem gosto mais, nem preciso mais. Só tô fazendo isso por hábito mesmo.
É verdade.
Eu não tô viciada, eu podia parar com isso agora.
Não acredita?
Eu vou parar. Mas só amanhã.
Hoje eu tô tensa, eu meio que preciso disso pra derramar todas as minhas magóas e meus ressentimentos em cima, pra me deixar calma e ouvir aquela voz dizendo "tá tudo bem".
Entende?
Não, não entende.
Eu odeio isso. Sério. Odeio.
Mas não consigo deixar de lado. Mesmo que eu odeie.
Eu disse, é hábito.
Mas esse hábito acaba amanhã.
Amanhã eu paro.
Juro.
É a última vez.
Nem é mais a mesma coisa. Eu nem me sinto mais tão bem.
Na verdade, eu fico cada vez mais irritada.
Ele nem ri mais, sabia? Nem eu.
Eu não sinto mas euforia. Nem ele.
A verdade é que não tá acabando com os meus ressentimentos e magóas.
Não ouço nenhum "tá tudo bem". Tudo acaba em caos.
E não é questão de ter mais dele ou não.
Então decidi parar.
Eu não tô viciada, eu consigo largá-lo a qualquer momento, qualquer segundo.
Mas amanhã.
Amanhã eu paro.














Juro.