quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mas não nasceu, que pena.

Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento.
Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como pude ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu...
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu gostava de você por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo.
Você era lindo.
Simplesmente isso. Você, a pessoa que de vez em quando eu ainda vejo passando por algum corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza...
Sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos.
Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada.

Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria.

Um comentário:

  1. amar o inesperado sempre é uma boa pedida.
    HASUHSAUHSAUSAH muito mais interessante do que amar o previsível.

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